O Festival

O Festival

O FESTIVAL


A cidade de Novo Cruzeiro realiza periodicamente, o Festival da Cachaça e da Micro-Indústria. Inicialmente programado para o mês de outubro, foi transferido para mês de setembro coincidindo com as festividades da Semana da Pátria. Uma festa cujas proporções ultrapassou o pensamento de seus idealizadores. Em entrevista, o Sr. José Edmar dos Santos, “Zé de Tina” (2004), comerciante e um dos idealizadores do festival, disse:
...a gente não imaginava que ia ser uma festa tão boa como essa, não dá bêbado, não dá briga, uma festa tranqüila...Começamos com o primeiro sem recursos, com muito luta, muito trabalho, os patrocinadores fraquinhos, no primeiro cartaz, tem o nome de todos, aquela coisa fraquinha mas hoje está uma festa estrondosa.”.
De fato, uma festa que já contou com a participação de mais de 200 mil pessoas (dados não oficiais, conseguidos junto a Policia Militar de Minas Gerais, no período compreendido entre 1994 e 2003 (1º e 10º Festival).
Festa inicialmente programada para auxiliar a ACIANC (Associação Comercial e Agropecuária de Novo Cruzeiro) nas suas finanças, como relata o Sr. Zé de Tina (2004):
... Aí, eu assumi a tesouraria da Associação Comercial juntamente com Juliana que era presidente. A gente ficou pensando qual a forma de melhorar as finanças da ACIANC, que praticamente não tinha nada, a situação financeira era pouca, o associado pagava muito pouco. Nós pensamos em criar alguma coisa para angariar fundos. A gente pensou num festival, tem tanta cidade que tem festival do quiabo, da pipoca, da uva. Como Novo Cruzeiro produzia muita cachaça e de boa qualidade, só que era fora de padrão e ainda é até hoje, nós pensamos em fazer o festival da cachaça, só que a Igreja e as irmãs acharam que era complicado esse negocio da cachaça e não ia ficar bem pra Novo Cruzeiro e tal. Nós resolvemos jogar junto com a micro-indústria também, pra amenizar um pouco, ficando assim: Festival da Cachaça e da Micro-indústria de Novo Cruzeiro.
O Festival é hoje a principal fonte de crescimento para o setor econômico e cultural de Novo Cruzeiro e porque não dizer da região, já que conta com a participação de pessoas de Ladainha, Itaipé, Malacacheta, Caraí, Teófilo Otoni e outras cidades. Mobiliza cerca de 20 pessoas para sua organização, cerca 150 pessoas para sua realização e mais de 300 barraqueiros, que vêm de todas as partes de Minas Gerais e até de outros estados (Bahia, Espírito Santo, etc.) para se instalarem na área do evento e comercializarem calçados, roupas, bijuterias, além da cachaça e de uma grande variedade de comidas típicas e regionais.
Ainda que a estrutura do município seja boa em termos de acomodações, a cidade fica literalmente pequena e até nas residências não há espaço para mais ninguém quando da realização do Festival. É evidente que este é um ônus pesado para a municipalidade que já tem preocupações excessivas com outras áreas essenciais. Entretanto não se pode negar a importância deste evento para a cidade e região por inúmeras razões, entre elas: a elevação de Novo Cruzeiro no cenário regional e até estadual; a amostra dos produtos da região, principalmente a cachaça e seus derivados, que é tratada pelo governo com destaque; o turismo regional; o comércio local etc.
Na sua primeira edição, o festival foi realizado nos dias 14, 15 e 16 de outubro, e já na segunda edição, foi transferido para os dias próximos ao 7 de setembro e está até hoje, variando do número de dias da festa conforme o feriado. Até a sua quarta edição, a responsabilidade de fazer a organização do Festival era da Associação Comercial (ACIANC), com auxilio da EMATER-MG, Prefeitura Municipal e sociedade em geral. Da quinta edição em diante, ficou a cargo da prefeitura, desvirtuando, em primeira mão, dos principais objetivos do festival que era auxiliar financeiramente a ACIANC e incentivar a micro e pequena industria da região.
Com o passar dos anos, alguns produtores de cachaças, como a Seleta, a Boazinha e outras deixaram de participar por perceberem o cunho político do festival e não mais haver interesse em divulgar seus produtos como marcket político. Já no sexto festival pode ser observada essa tendência, essas cachaças não mais participaram mas deixaram, junto à população, a certeza de que está faltando alguma coisa. A cachaça de boa qualidade da cidade de Salinas e de outros municípios vizinhos deixou um vazio muito grande no festival, a falta foi sentida logo e até hoje é comentada.
As barracas eram rústicas, todas feitas de madeiras, armadas um dia ou dois antes do início do festival. Os ensaios para o “7 de setembro” eram realizados durante vários meses até culminar na realização do festival.
A mistura com as festividades da Independência do Brasil trouxe muitos frutos para o festival, já que em alguns casos, quando o feriado acontecia na quinta, sexta, segunda ou terça-feira, o número de participante era muito maior.
Também se registrou a não participação das micro-indústrias, já que o espaço se tornou político e era destinado aos eleitores e amigos pessoais do prefeito, além do preço pago por cada barraqueiro aumentar demasiadamente, tornando a participação de muitas micro e pequenas empresas, apenas um sonho. Não se pode mais ver as rendas, móveis, os artesanatos e muitas outras coisas que foram gradativamente deixadas de lado para dar lugar à modernidade e ao favorecimento político. Num comentário sobre a volta da micro-indústria nos festivais, o Sr. Horácio de Macedo (2004), produtor de cachaça e dono de uma fabrica de doces declara:
“Acho que o único meio de ampliar um fábrica e ter uma embalagem própria... os produtores de doce deveriam reunir para ter apoio do banco, da prefeitura, da Emater-MG, pra gente ter um jeito, um recurso, para expor a mercadoria e torná-la conhecida do público”.
Já para o Sr. Eder Japur (2004), marceneiro e participante de cinco festivais como expositor, a participação das micro-indústrias deve ser retomada e o que falta para isso é uma boa organização, conforme pode ser notada em sua entrevista, onde relata a sua participação e o que pode ser feito no futuro.
...a gente tinha pouco incentivo para expor os moveis, o lucro era mínimo, a gente colocava os moveis porque gostava do festival e para participar, que lucro mesmo não tinha não. Deixei de participar por falta de incentivo, de dialogo com os atuais organizadores. Gostaria de voltar a participar dos festivais e para isso acontecer só falta uma boa organização e um trabalho sério em cima do Festival e acho que não só eu, mas todos que participaram voltariam a participar.
Pode-se observar que a opinião do Sr. Eder Japur (2004), reflete o desejo de não só um micro-produtor, mas de todos quanto estiveram nos festivais. Em alguns casos, a produção está condicionada à participação, que não havendo, joga por terra o trabalho de todo um ano.
Comparando-se os primeiros festivais com os atuais, o Sr. Eder Japur (2004) continua: “
hoje, eu acho que é um fracasso, nos atuais não tem uma grande quantidade de micro-indústria participando, quem participa são só os produtores de cachaça. Agora a micro-indústria mesmo ficou de lado, mas a festa é muito bonita”.
Já para D. Ivone Pereira (2004), Secretária da ACIANC na época do primeiro Festival, a realização do Festival da Cachaça e da Micro-Indústria de Novo Cruzeiro, elevou o nome da cidade no cenário estadual e até nacional, como pode ser observado a seguir:
Em se tratando de animação foi uma coisa sensacional. O mais importante foi que levou Novo Cruzeiro ao conhecimento da região e do Estado quase todo. Depois de realizado o primeiro festival, a gente sempre recebia ligação da Bahia, Espírito Santo de pessoas querendo participar do festival, e queriam trazer a cachaça do estado pra cá. Eu acho que isso foi muito bom, porque Novo Cruzeiro até então desconhecido, pelo menos neste sentido de indústria e cachaça, passa a ser reconhecido. Muita gente de fora veio para o terceiro, quarto e quinto festivais, mas caiu um pouco nos anos seguintes. Os festivais de 2001 e 2003 foram maravilhosos, compara-se em animação e no volume de pessoas ao primeiro e segundo.
Ela relata quanto ao número de participantes, o público dos festivais, que a cada ano aumenta mais, conforme dados aproximados conseguidos junto à Policia Militar de Minas Gerais – Batalhão de Novo Cruzeiro.

A ESCOLHA DOS PROVADORES E O CONCURSO DA MELHOR CACHAÇA


Inicialmente faz-se a escolha dos provadores dentre os reconhecidos “pinguços” da cidade, que são em número de quatro a sete. De posse destes nomes, promove-se então a seleção das cachaças que irão participar do concurso. Recolhe-se um litro de cada cachaça participante e faz-se o sorteio, dando número a cada um delas trocando-as de litros com os respectivos números. Para que o provador e a população não saibam qual é a cachaça que está ali, são só apresentados os litros com a numeração, que varia de acordo com o número de cachaças participantes. Somente a organização sabe para qual cachaça foi designado cada número. Cada provador dá sua nota que pode ser de zero a dez, nos quesitos aroma e paladar, conforme pode ser observado no regulamento do concurso da melhor cachaça e na cédula de votação.
Todos os produtores para se fazerem presentes no festival e no concurso da melhor cachaça devem preencher a ficha de inscrição. Nela, além da inscrição, o produtor toma ciência dos regulamentos do festival e do concurso da melhor cachaça.
Pode-se observar que muita mudança ocorreu dos primeiros festivais até os atuais. Um dos principais pontos a ser observado é o que dispõe no artigo 08 do regulamento do II Festival. Hoje, todos as barracas podem comercializar qualquer produto sem discriminação. No primeiro, somente a barraca da ACIANC comercializava cerveja, ficando a cargo das outras barracas todos os produtos derivados da cachaça como também a própria, que muitas vezes nem era comercializada e sim oferecida a todos como brinde.
Durante o Festival virou tradição os caldos (de feijão, de pinto e outros variados sabores) que podem ser encontrados em quase todas as barracas. Churrasquinho de boi e frango no espeto, além de feijoada e vaca atolada. Não para por aí a diversidade gastronômica do Festival. Há uma grande variedade de produtos e serviços que podem ser apreciados por todos.

Este é um trabalho autônomo, gratuito e realizado com espontaneidade. Nada cobramos para que você tenha acesso à história de nossa querida Novo Cruzeiro mas se você quiser contribuir, pode depositar qualquer quantia em nossa conta na Caixa Econômica Federal - Agencia de Teófilo Otoni (0155) Conta poupança nº 147461-3.

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Todos os direitos reservados.Revisado em: 04 de outubro de 2012.